Os inquéritos em curso na Polícia Federal e no STF, terão um desfecho dramático nos próximos dias. Já não se trata mais de um inquérito sobre o 8/01, mas um inquérito sobre o conjunto de atos antidemocráticos de 7 de setembro de 2021, de 30 de outubro de 2022 e de 12 de dezembro de 2022, permeado por mal-feitos do âmbito do Direito Penal. A situação atual aponta para as seguintes podsibilidades 1. A prisão de alguns generais, oficiais de média patente e de pelo menos um almirante em decorrência dos depoimentos do general Freire Gomes, do Brigadeiro Batista e o novo depoimento do tenente Coronel Mauro Cid, o que antecederia, mas não muito, a prisão de Bolsonaro; 2. Os oficiais bolsonaristas estão inflando o número de generais acusados visando criar mal-estar nas Forças e, consequentemente, instabilidade do governo. Ambas as versões não são excludentes. De qualquer forma, o Governo Lula gostaria que nada acontecesse até depois de 31 de março, para não produzir a impressão de “provocação”. Daí a orientação, equivocada, de Lula de não rememorar os 60 anos do Golpe de 1964. O governo federal continua, erradamente, distinguindo o bolsonarismo da tradição golpista dos Militares na História da República. Ao contrário dos especialistas, o núcleo político do governo não reconhece no bolsonarismo uma forma, a atual, do militarismo golpista. Assim como o positivismo, o florianismo, o tenentismo, o anticomunismo (sic) e o anti-trabalhismo golpista de 1964, o bolsonarismo é fruto dos quartéis, tendo como grande diferenciação o fato de ter unificado as diversas Direitas brasileiras via a fascistização. Perde-se assim a oportunidade única, histórica, de revogar a vigência da “Doutrina da Tutela Militar” ainda, e de forma ativa, vigente em setores das FFAAs e das polícias no Brasil.
1964 e o Golpe de 8 de Janeiro de 2023
Professor Titular de História Moderna e Contemporânea/UFRJ
Professor de Teoria Social/UFJF
Professor Emérito da Escola de Comando e Estado-Maior/Eceme, do Exército do Brasil