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VALOR ECONÔMICO – 08/04/2022
Pela primeira vez a maioria dos professores de História, Sociologia, Filosofia e os maiores especialistas em Educação estão em profundo desacordo com o Governo Lula. Claro, o fulcro da questão é o chamado “Novo Ensino Médio”, o NEM. Creditamos tal desacordo, profundo e de princípios, ao atual Ministro da Educação e sua equipe, incluindo os resgatados do Governo Bolsonaro, como o Secretário de Ensino Médio do MEC. Mas, não é só : como afirmar que o PT é o partido que abraçou Paulo Freire ou Anísio Teixeira como princípios quando a Educação é descaracterizada em seu aspecto maior de ação positiva de emancipação popular? Hoje, o ódio e o apagamento de nossa História são marcas do quotidiano. Nunca antes neste país precisamos tanto de História, de conhecer nossa própria História, para não repetir uma História feita na opressão de classe, de cor e de gênero. A escola tornou-se um campo de batalha real e simbólico. Mas, então, eis que um grupo autoritário de homens que armaram o Golpe de 2016 , a criminalização dos movimentos sociais e a injusta prisão de Lula, impõe durante o espasmo autoritário, fascistizante dos Governos Temer e Bolsonaro, um projeto de Educação que acaba com aulas de História. É a vitória do apagamento de uma memória necessária, indispensável, para a formação de adolescentes e jovens. Quem estudará mais a Revolução de 1930, o Integralismo e seus asseclas fascistas, quem falará “Nunca Mais!” para Auschwitz? Sem as aulas de História? Reinará o silêncio. No nosso ofício, no nosso campo, os homens de 2016 ainda estão no poder. Por quê? Por duas razões simples: de um lado a “economia” que os governadores farão com o menor número de professores e a incorporação de “curiosos” e fazedores de brigadeiro ao corpo docente das escolas; por outro lado, vence a pressão das Fundações do capital como Bradesco, “Todos pela Educação”, Fundação Ford e outros interesses invisíveis. Vemos um governo do PT , orientado por tecnocratas insensíveis, fazer o que a própria Ditadura Militar não conseguiu. Na luta contra a famigerada imposição, nos anos de 1970, da disciplina “Estudos Sociais” e Educação Moral e Cívica substituindo, com um currículo de “paz social” e da “ternura brasileira”, a heróica história de Zumbi, Tiradentes ou Luiz Gama. Lutamos contra esse estupro da História, com Sérgio Buarque de Holanda à frente. Então deram-se anos e anos de abandono, de miserabilidade de salários, de professores “de matrícula”, longe do convívio pleno com alunos, pais e colegas. Hoje, a escola foi invadida pela violência. Os meios de comunicação estão dominados; as Igrejas tornaram-se empresas de lucros fáceis e de fabricação do ódio; as famílias se dividiram. Restou o último espaço de lutas pela Educação emancipadora, capaz de combater o ódio de classe, o ódio de gênero e o ódio de cor: a escola pública, laica, gratuita e principalmente de Qualidade. Como combater o mal que se abate sobre crianças, adolescentes e jovens se os privamos de sua própria História. Por que o silêncio dos ministros dos Direitos Humanos, das Desigualdades e dos povos indígenas? Cada um no seu quadrado identitário com seus cargos e alheios ao objetivo maior – uma Educação Emancipadora. Todos são coniventes. “Quem cala sobre teu corpo consente na tua morte!” Não, não vamos nos calar. Como explicar o racismo, sem debater a Escravidão e o terrível Tráfico Negreiro? Como explicar o Massacre dos Yanomami sem debater a natureza da colonização ? Sem História o ódio vencerá! Por fim, no futuro como os adolescentes saberão a incrível e fabulosa vida de Lula da Silva sem História? Como combater o racismo e apologia ao nazismo sem História, Sociologia e Filosofia. Sem esse debate as nossas escolas serão viveiros de jovens neonazistas. É triste que sejam aqueles que sempre foram acusados do “crime” de seguir Paulo Freire sejam os primeiros a negar suas próprias ideias. Viva Sérgio Buarque de Holanda e todos os professores do Brasil.